Sunday, April 8, 2012

Danças do Brasil - Uma Experiência Cultural

Pude ir a uma festinha de carnaval na UVU na qual se ensinou várias danças brasileiras.  Tinha música ao vivo e vários Brasileiros para ensinar-nos o ritmo e movimento da balada.  Não sei o nome de todas as danças que foram ensinadas mas é claro que uma das danças ensindadas foi o samba.  O samba consiste mais em concentrar no movimento dos pés.  É um movimento muito rápido mas bastante simples e mesmo assim é difícil de pegar.  Quando você acha que está fazendo direitinho você percebe que não está já que tem Brasileiro rindo dos seus esforços.  Com um pouco de prática pode dançar o samba que nem um Brasileiro dança.  Podemos ver a influência do samba em quase todos os tipos de dança no Brasil e em todos os tipos de música também.  Se quiser conhecer um pouco da cultura Brasileira tem que sambar pois a vontade de sambar está em todo Brasileiro. 

Senna -Um documentário

Tive a oportunidade de assistir este documentário a respeito da vida de Ayrton Senna da Silva, motorista de corrida.  Três vezes foi campeão mundial de formula um.  Ele é considerado como um dos melhores corredores de formula um na história do esporte.  Este filme mostra quem Ayrton Senna foi como pessoa.  Por trás das câmeras soube-se das grandes doações e esforços humanitários que Senna contribuiu para as pessoas do Brasil.  Ele foi uma pessoa extremamente dedicada e era de mente resoluta.  Ele foi determinado a ser o melhor e a lutar contra a política do esporte.  Ayrton Senna foi um herói para milhões de Brasileiros e uma inspiração para todos que conhecem sua história.  Enfim este foi um dos melhores documentários que já vi.

Friday, April 6, 2012

Lixo Extraordinário

Lixo extraordinário é um filme a respeito dos esforços humanitários de um artista brasileiro Vik Muniz.  Por meio da arte Vik ajuda os catadores de materiais recicláveis que catam num dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho.  Nesse filme temos a oportunitade de conhecer as vidas pessoais dessas pessoas empobrecidas.  Vemos o potencial que elas tem e o mais importante é que o Vik as ajuda a reconhecer esse potencial em si mesmos. Os catadores participam na criação da arte que é feita de lixo do aterro sanitário. 

Thursday, April 5, 2012

Central do Brasil

Este é um filme tocante de um rapazinho que perde a mãe e começa a morar na estação de trem.  Lá há uma mulher, a Dora, que é extremamente amarga e individualista. Esta mulher acaba por cuidar do garoto e tenta levá-lo para seu pai que mora num lugar distante.  O filme concentra-se na transformação da Dora que, ao fim começa uma nova jornada tomada por uma perspectiva nova.  Um dos pontos mais cruciais é quando a Dora perde o rapaz na multidão que percebe quanto o precisa.  Ela acaba por desmaiar numa casa de milagres de tanto procurar o menino.  É significante para a audiência pois sente que um milagre aconteceu nela nesta casa de oração.

dot.com

dot.com é um filme dinâmico.  Seu enredo ocorre numa pequena aldéia chamada Águas Altas em Portugal.  Uma empresa espanhola de água mineral está processando a aldéia para ganhar os direitos ao website que havia pouco que a aldéia nem sabia utilizar.  Mesmo assim a aldéia se põe a lutar por manter sua identidade como aldéia e pelo seu site.  Pode se apreciar o filme por seus aspectos culturais mas também pela cinematografia.  Há um ponto no filme quando o senhor engenheiro e o Vítor estão num barco pequeno no meio do lago.  A câmera faz um visto de perto do Vítor e enquanto o barquinho vai balançando a câmera segue o movimento.  Por trás o fundo está desfocado e podemos ver a emoção vividamente na cara do Vítor ao ele admitir que ama sua namorada.  Recomendaria este filme especialmente para os que queram provar um pouco da cultura Portuguesa.

Thursday, March 22, 2012

O Pagador de Promessas -Dias Gomes

Mestre Coca consulta os companheiros com o olhar.  Todos compreendem a sua intenção e respondem afirmativamente com a cabeça.  Mestre Coca inclina-se diante de Zé-do-Burro, segura-o pelos braços, os outros capoeiras se aproximam também e ajudam a carregar o corpo.  Colocam-no sobre a cruz, de costas, com os braços estendidos, como um crucificado.  Carregam-no assim, como numa padiola, e avançam para a igreja... Intimidados, o Padre e o Sacristão recuam, a Beata foge e os capoeiras entram na igreja com a cruz, sobre ela o corpo de Zé-do-Burro.

Esta é a última cena da tragédia, "O Pagador de Promessas." O protagonista, Zé-do-Burro, morto é levado numa cruz para dentro da Igreja.  Era um homem simples, fiel, e extremamente devoto à fé.  Por não ser entendido pelas pessoas ao seu redor, acaba perdendo tudo, inclusive a própria vida.  É uma experiência bastante triste ver como as pessoas são incapazes a simpatizar e ajudar o Zé.  Elas procuram maldade onde não há maldade, procuram acusar um inocente, procuram se aproveitar de todas as maneiras o caso deste homem da roça.  O leitor pode perceber como é fácil ter um ponto de vista bastante torcido e se for um leitor sábio aprenderá a analizar os motivos das pessoas ao seu redor corretamente.

Friday, March 16, 2012

O Pagador de Promessas, Dias Gomes


Não era direito.  Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus.  E Jesus não usou almofadinhas.
Rosa
Não usou porque não deixaram.
Ze
Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto.  Se a gente embrulha o santo, perde o crédito.  De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: -- Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa.  Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.

-Na peça de Dias Gomes, "O Pagador de Promessas", há uma fonte rica de cultura Brasileira.  Vemos o negócio de um milagre e o pagamento do indívidado Zé-do-Burro por meio duma promessa.  A maneira de se ver o negócio entre a Santa Bárbara e o Zé importa tudo.  Sua esposa, a Rosa, vê como ridículo.  Ela acha que o Zé está fazendo demais para pagar a promessa e que a Santa já deve ter aceito o sacrifício que ele fez.  O padre da Igreja recusa o Zé a entrar na Igreja tendo ele feito a promessa num terreirro de candomblé para a imagem de Iansã.  O Zé porém é extremamente fiel à promessa que fez.  Sem sequer desviar do caminho um pouquinho ele está disposto a fazer tudo que for necessário para agradar a Santa Bárbara, o que é evidente na citação acima.  

Thursday, March 8, 2012

Auto-Retrato, Rui Knopfli

De português tenho a nostalgia lírica
de coisas passadistas, de uma infância
amortalhada entre loucos girassóis e folguedos;
a ardência árabe dos olhos, o pendor
para os extremos: da lágrima pronta
 à incandescência súbita das palavras contundentes,
do riso claro à angústia mais amarga.
...
De português , o olhinho malandro, concupiscente
e plurirracial, lesto na mirada ao seio
entrevisto, à nesga de perna, à fímbria de nádega;
a resposta certeira e lépida a dardejar nos lábios,
o prazer saboroso e enternecido da má-língua.

De suíço tenho, herdados de meu bisavô,
um relógio de bolso antigo e um vago, estranho nome.

-O Rui Knopfli fala aqui de sua herança portuguesa.  Ele faz um contraste entre as duas heranças.  É óbvio para o leitor que Rui Knopfli sente um vínculo forte às suas raízes portuguesas.  Ele herdou praticamente sua identidade toda de Portugual e quase nada da Suiça além de um nome e relógio.  Ele mostra a importância da cultura e da ascendência em definir o indivíduo. 

Thursday, March 1, 2012

Autopsicografia -Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só que eles não têm.
E assim na calhas de roda
Gira, a entreter a razão
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

-É comovente a emoção e sentimento que pode vir de um poema.  O poema é escrito de tal maneira que possa criar essas reações no coração do leitor.  Poderíamos imaginar o quanto o poeta sente quando está no processo de criar um poema.  O poeta chega a não somente fingir, criar explorar mas ele chega a apreciar todas as experiências que com isto vem. O poeta finge e acaba sentindo a dor que finge sentir.  Seu coração é entrelaçado de possibilidades.

Thursday, February 23, 2012

Tercetos, Olavo Bilac

I
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, como os olhos em lágrimas, dizia:

“Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho…
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade…
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava…
Espera um pouco! deixa que amanheça!”

— E ela abria-me os braços. E eu ficava.

II
E, já amanhã quando ela me pedia
Que de seu claro corpo me afastasse,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

“Não pode ser! não vês que o dia nasce?
A aurora, em fogo e sangue, as nuvens corta…
Que diria de ti quem me encontrasse?

Ah! nem me digas que isso pouco importa!…
Que pensariam, vendo-me, apressado,
Tão cedo assim, saindo a tua porta.

Vendo-me exausto, pálido, cansado,
E todo pelo aroma de teu beijo
Escandalosamente perfumado?

O amor, querida, não exclui o pejo…
Espera! até que o sol desapareça,
Beija-me a boca! mata-me o desejo!

Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava!
Espera um pouco! deixa que anoiteça!”

— E ela abria-me os braços. E eu ficava.

Este poema reflete bem as características do parnasianismo. A técinica e forma são rigidas e a rima consistente.  Vê-se claramente o lema: "Arte pela arte". Não há reflexos de problemas sociais nem nada do tipo.  É simplesmente arte pela arte e eu diria que o aspecto artístico do amor nesse poema é muito lindo.  A objectividade do Olavo Bilac é a de represtar o amor.  A qual é alcança perfeitamente.

Thursday, February 16, 2012

Língua Portuguesa -Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e spultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

-Este poema é uma perfeita personificação da língua portuguesa, uma língua que é viva, que tem melodia e força. Olavo Bilac diz a língua portuguesa ser rude e inculta como a bruta mina entre os cascalhos mas diz ela ser uma flor, o arrola da saudade e da ternura, lira singela, viço cheirosa.  A língua portuguesa ambos bela é grossa, e por assim ser, ela é para os que a conhecem uma língua encantadora.  Amo a língua portuguesa e este poema me ajuda a entender o amor que tenho por ela. 

Friday, February 10, 2012

Medo da Eternidade, Clarice Lispector

-Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba.  Dura a vida inteira. 
-Como não acaba?  -Parei um instante na rua, perplexa. 
-Não acaba nunca, e pronto.
...
Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
-E agora que é que eu faço?  - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. 
-Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar.  E aí mastiga a vida inteira.  A menos que você perca,  eu já perdi vários. 
Perder a eternidade? Nunca.
...
Assustei-me, não saberia dizer por quê.  Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada.  Mastigava, mastigava.  mas me sentia contrafeita.  na verdade eu não estava gostando do gosto.  E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito. 
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade.  Que só me dava era aflição.  Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. 
Até que não suportei mais, e, atrevessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. 
...
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso. 
Mas aliviada.  Sem o peso-da eternidade sobre mim. 

               Essa crônica é linda.  Ela aborda a experiência simples de uma criança que está a provar pela primeira vez chicle.  É algo ordinário que se torna extraordinária.  A criança de primeiro é tomada de espanto, cativada pela idéia de uma bala durar para sempre.  Ao mastigar a bala infinita a criança fica nervosa.  Não é que ela não gosta do chicle mas que o gosto da eternidade é assustador para ela.  Ela diz mesmo "Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade."
              Clarice Lispector escreveu uma crônica típica e tão perfeita. Ela conseguiu pegar uma experiência cotidiana e fazê-la real para o leitor.  O leitor olharia para o chicle de modo novo.

Thursday, February 2, 2012

Conto (não conto) -Sérgio Sant´Anna

Aqui, um território vazio, espaços, um pouco mais qu nada.  Ou muito, não se sabe.  Mas não há ninguém, é certo.  Uma cobra, talvez, insinuando-se pelas pedras e pela pouca vegetação.  Mas o que é uma cobra quando não há nenhum homem por perto? Ela pode apenas cravar seus dentes numa folha, de onde escorre um líquido leitoso.  Do alto desta folha, um inseto alça vôo, solta zumbidos, talvez de medo da cobra.  Mas o que são os zumbidos se não há ninguém para escutá-los? São nada.  Ou tudo.  Talvez não se possa separá-los do silêncio ao seu redor.  E o que é também o silêncio se não existem ouvidos?  Perguntem, por exemplo, a esses arbustos.  Mas arbustos não respondem.  E como poderiam responder?  Com o silêncio lógico, ou um imperceptível bater de suas folhas.  Mas onde, como, foi feita essa divisão entre som e silêncio, se não com os ouvidos?
......
Mas digam-me: se não há ninguém, como pode alguém contar esta história?  Mas isto não é uma história, amigos.  Não existe história onde nada acontece.  E uma coisa que não é uma história talvez não precise de alguém para contá-la.  Talvez ela se conte sozinha. 

Mas contar o que, se não há o que contar?  Então está certo: se não há o que contar, não se conta.  Ou então se conta o que não há para contar. 

-Este conto é simplemente esplêndido.  Lembrou-me de um provérbio chinês que diz "Se uma árvore cair na floresta e não houver ninguém para vê-la cair, será que a árvore caiu?"  Várias análises poderiam ser feitas deste conto mas prefiro uma que seja simples e direta.  Este conto metaliterário sugere coisas relacionadas à importância da percepção, dos variados pontos de vista e de perspectivas divergentes.   Será mesmo que importa uma cobra onde não há ninguém por perto?  A cobra importa sim e também não.  Não importa para o homem que não está perto.  Importa para o ambiente, o inseto por exemplo, e para a história do conto.  Será que pode contar o que não há para ser contado?  A mente do leitor se engasga neste pensamento e isto acaba criando uma atenção forte que cativa e entrete a imaginação do leitor, um aspecto digno de notar.  Tudo na história se torna mais claro e vívido.  Mas não se resolve a questão e o leitor é deixado com um pouco de confusão na cabeça. 

Thursday, January 26, 2012

Primaveira -Adriana Lisboa

Cinzento, todo cinzento. Sob uma tarde cinzenta. Sob as asas havia também um pouco de amarelo, notei. A buganvília quase não tem folhas: só flores. Magenta, cor-de-rosa, um híbrido pleno e doloroso. Sobre a mesa da varanda, o cacto se curvou um pouco por causa da última ventania. E no entanto nos basta um momento como este. Telhas de zinco, telhas de cerâmica, um pára-raios. Um cata-vento em forma de flor: roxa, com o miolo preto.

Na mesa de trabalho, ali ao lado, um frasco de colírio, um grampeador e um calendário. Uma máscara de Veneza e um porta-retratos com a porta azul de uma casa em Tiradentes. A página número 312 do livro que está sendo traduzido. He had, however, bolted the stable door; and by the time they had forced it open there was no sign of him. Três canetas e um envelope pardo. Um enorme dicionário de capa azul e um livro: Seis problemas para Don Isidro Parodi.

Uma mosca passa e vai embora. O chão da varanda está manchado de vermelho-ferrugem e em algum lugar alguém acelera o motor do carro. Um finíssimo véu de claridade respira, e logo se desmancha entre as nuvens.


-Aqui esta um texto de literatura da Adriana Lisboa, diria eu que seja uma poema ou talvez ate uma pintura.  A tarde e cinzenta, nao ha folhas mas o momento e abastecido de cor e vida.  A beleza do retrato esta na sua simplicidade de ser; as telhas, o para-raio, o cata-vento... Se percebe nitidamente a mesa da varanda, o livro aberto no processo de ser traduzido, e o simples envelope pardo.  A vida e boa, a vida e simples, a primaveira e bela e afinal o veu se rasga o ceu se clareia.  Adriana Lisboa acaba de pintar o retrato de um dia simples de primaveira na sua beleza mais plena.  

Thursday, January 19, 2012

A Chinela Turca, Machado de Assis

Duarte acompanhou o major até à porta, respirou ainda uma vez, apalpou-se, foi até à janela.  Ignora-se o que pensou durante os primeiros minutos; mas, ao cabo de um quarto de hora, eis o que ele dizia consigo: -- Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste-me o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio.  Um bom negócio e uma grave lição:  provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco.

-Acima é último parágrafo do conto maravilhoso, A Chinela Turca.   O conto em si fala do drama.  Esse tema do drama se sublinha pela leitura enquanto o Machado nós leva por uma aventura empolgante e misteriosa.  Duarte, o protagonista desse conto, se chateia de ouvir o drama enfadonho do major, Lopo Alves, velho amigo da família e companheiro do seu finado pai no exército.  Duarte é jogado no meio de um drama real no qual ele se salva por pouco.  O ponto principal desse conto é o último parágrafo no qual o Duarte exclama exasperado, "o melhor drama está no espectador e não no palco."  No conto Machado patrocina a arte do drama em si e delineia o amor que ele tem por ela.  Mas junto vem a sensação dele não gostar do drama criado pela vida.  Um drama imprevisível e inesperado.  Um drama de emoções investidas e nervosismo cólero.