Friday, March 16, 2012

O Pagador de Promessas, Dias Gomes


Não era direito.  Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus.  E Jesus não usou almofadinhas.
Rosa
Não usou porque não deixaram.
Ze
Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto.  Se a gente embrulha o santo, perde o crédito.  De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: -- Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa.  Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.

-Na peça de Dias Gomes, "O Pagador de Promessas", há uma fonte rica de cultura Brasileira.  Vemos o negócio de um milagre e o pagamento do indívidado Zé-do-Burro por meio duma promessa.  A maneira de se ver o negócio entre a Santa Bárbara e o Zé importa tudo.  Sua esposa, a Rosa, vê como ridículo.  Ela acha que o Zé está fazendo demais para pagar a promessa e que a Santa já deve ter aceito o sacrifício que ele fez.  O padre da Igreja recusa o Zé a entrar na Igreja tendo ele feito a promessa num terreirro de candomblé para a imagem de Iansã.  O Zé porém é extremamente fiel à promessa que fez.  Sem sequer desviar do caminho um pouquinho ele está disposto a fazer tudo que for necessário para agradar a Santa Bárbara, o que é evidente na citação acima.  

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