Thursday, March 8, 2012

Auto-Retrato, Rui Knopfli

De português tenho a nostalgia lírica
de coisas passadistas, de uma infância
amortalhada entre loucos girassóis e folguedos;
a ardência árabe dos olhos, o pendor
para os extremos: da lágrima pronta
 à incandescência súbita das palavras contundentes,
do riso claro à angústia mais amarga.
...
De português , o olhinho malandro, concupiscente
e plurirracial, lesto na mirada ao seio
entrevisto, à nesga de perna, à fímbria de nádega;
a resposta certeira e lépida a dardejar nos lábios,
o prazer saboroso e enternecido da má-língua.

De suíço tenho, herdados de meu bisavô,
um relógio de bolso antigo e um vago, estranho nome.

-O Rui Knopfli fala aqui de sua herança portuguesa.  Ele faz um contraste entre as duas heranças.  É óbvio para o leitor que Rui Knopfli sente um vínculo forte às suas raízes portuguesas.  Ele herdou praticamente sua identidade toda de Portugual e quase nada da Suiça além de um nome e relógio.  Ele mostra a importância da cultura e da ascendência em definir o indivíduo. 

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